sexta-feira, agosto 18, 2006

Lá vem a calma, passa, vai, volta, turbilhao de sentimentos, idéias... Brian Molko lamenta ao fundo seus vinte anos, todas as coisas q perdeu. Já esse ser fica ali, parado, ouvindo, lembrando... Milhares de coisas passam à sua frente, numa manada de imagens e sensações, tenta limitar a dor, mas seu coração aperta, acelera, a garganta seca quase que instantâneamente, lembra de cada lugar, cada coisa, sente o cheiro, o frio, toda aquela umidade, aquela casa enorme, vazia, o gato enlouquecendo num canto, e ele enlouquecendo no outro, perdendo à si próprio de forma lenta e dolorosa.

Olha para os lados - Não, não estou mais lá! - mas ainda assim a lembrança corrói lentamente, e a única coisa capaz de faz-lo superar isso já não é mais, ou pelo menos ele não encontrou. O telefone toca, ele se recusa a atender, insiste em tocar, tocar, tocar e aquele som o perturba, sente seu coração pesado, ainda mais pesado, promessas não cumpridas, desejos reprimidos e uma voz rouca.

Ele sabe que vai reviver isso eternamente, esteja onde estiver, tornou-se um ser estraho, incapaz de amar outra pessoa, ser amargo, ser inócuo, infértil, infeliz... ainda mais infeliz do que antes. Pensa se o errado foi tentar fazer tudo ficar bem, ou se foi a falta de amor próprio... Pobre dele... pobre dele..

Ela passa lentamente sob os olhos de sua lembrança, enquanto ele fecha os olhos para não ver, mas imagem se torna ainda mais nítida, ele sufoca, grita, anseia por um furador de gelo para for fim àqueas imagens, pede por um fim trágico mas eficaz, já está velho e cansado, não quer mais brincar de gato e rato, apenas quer dormir, muito e intensamente, quem sabe pra sempre.

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