terça-feira, janeiro 30, 2007

Palavas que teria te dito #1

Não se atire do terraço, não arranque minha cabeça
Da sua cortiça
Não beba muita cachaça, não se esqueça depressa de mim, sim?
Pense que eu cheguei de leve
Machuquei você de leve
E me retirei com pés de lã
Sei que o seu caminho amanhã
Será um caminho bom
Mas não me leve

Não me leve a mal
Me leve apenas para andar por aí
Na lagoa, no cemitério
Na areia, no mormaço

O meu coração, meu coração
Meu coração parece que perde um pedaço, mas não
Me leve a sério
Passou este verão
Outros passarão
Eu passo


- CHICO BUARQUE

E assim... a gente vai passando e deixando passar e virando passado e passando e esquecendo e apagando e vivendo, e chorando... morrendo.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Bipolaridade - Pilula Rosa #3234

Ele não mais tentava punir o sentimento tão presente, apenas vagava por ele como alguem perdido e inócuo, buscava nisso entender um pouco mais de si, e esquecer mais um pouco do que tanto doía.

Assim, pegou seu casaco, atravessou a avenida, reto, rumo ao metrô, parou na entrada e observava ansiosamente por um rosto conhecido. Mas os passantes, cada vez mais desconhecidos o tornavam ainda mais estranho a si mesmo, que aos poucos foi perdendo forma, espaço, e tornando-se mais e mais ofuscado até sua nova personalidade olhar ao redor e pensar.

- Quanta perda de tempo hein?

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Narcolepsia - NO SENSE

Morre e Vive todo dia, passando desapercebido por essa vida vazia, que dia a dia desilude ainda mais, como Poe e o corvo a bater em teus umbrais, gralhando incansávelmente "NUNCA MAIS".

Meu rosto começa a clarear ainda mais, sinto-me mais morto ao raiar o dia, e nesse vai e vem sem noção, direção ou senso, ficou eu - narcoléptico - ainda vivo, mas cada vez mais morto.

A palidez que me envolve, comove teu interior, que pulsa ao ver brilhar os traços cadavéricos, com uma mente inérte, aquém de pensamentos periféricos e na tua sala de jantar se consuma o fato: Morre mais um pouco a cada segundo do teu balançar, essa figura úmida, fria e suja para amanhã novamente acordar.

terça-feira, janeiro 23, 2007

...

Ces't très bizarre et nuit, nuit sans toi

Entretien entre moi et moi (avec moi)

Nunca consegui compreender essa coisa toda, quando penso que acabou, sempre tem mais um pouco. Nossos diálogos curtos são tão longos, que sinto vontade de gritar, esquecer essa coisa toda - seres humanos patéticos.

Sentado no metrô vejo passar correndo pessoas e mais pessoas, e eu simplesmente sentado ali, imóvel, estático e apático. Não me movo por não ter razões para fazê-lo, estou estagnado ali, trancafiado junto à minha mente.

O telefone toca, mais trabalho... Engraçado, antes pensei ser pessoa, tive pessoa e não satifez, hoje penso ser dinheiro, tenho bastante e não satisfaz. Penso em como isso soa clichè mas você um dia me disse que a vida era clichè, todos éramos, era inevitável.

Não fuja antes de eu terminar, não mais...

Fases..!

Se caio morto
Sei que estou mais seguro assim
Se saio torto
Sei que são os pesos sobre mim
Entre agulhas e rosas
Traço um caminho tosco
Entre poucas e rôtas rotas
Desses pés restam apenas as botas
A maquiagem começa a cair
E o palhaço a se desmanchar
O circo está fechando
Está fechando,
Para balanço...
O circo está fechando

Quanto mais perto de fechar
Mais o palhaço fica confuso
Mais trocamos o fuso
Mais escrotas vão ficando as palavras
E mais escrachadas
(e rachadas)
Vão ficando nossas faces


Fases...