sexta-feira, julho 30, 2004

Do alto via a fina camada de vida
Que pela via fria da veia
Em sangue negro se escorria
Pelas vielas de tão triste sina

Na calmaria de uma solidão avassaladora
Os calcários olhos me devoravam
Eram sentimentos por vezes experimentados
Que se fundiam em cores e sons
Onde tudo tomava forma
E a dor que ele sentia
Era tão profunda e tão vazia
Que fez pensar no que a alma orna
Ao ver o vitae que nela habitava
O sopro único de uma vida desgastada
Onde tudo que resta é o pó
De uma existência inválida
Guiada por mãos cálidas
Que lhe sentiam apenas, dó...

Por sobrepujar tão impuro espírito
Que renegava a graça do vinho
Que por sua vez se recusava a aceitar
Que aquela criatura
De karma falho, e tão imatura
Viesse por suas taças deleitar
O infame desejo
Que ardia aceso
De uma súplica perversa
O direito de viajar
Para esquecer que foi pérfido
O ser que permitiu tal inepto
Sobreviver mais do que devia
Que vai em paz a alma que jazia
No fundo daquele poço
Que deixou, com corda no pescoço
O corpo que tão triste lhe trazia
Klederson Bueno (30/07/2004 01:39)

terça-feira, julho 27, 2004

Vento

Ao sopro da mais leve brisa
Fez sentir na carne crua
A imensidão da dor que, nua
Buscava saciar a fome
E no mais tardar da fria noite
Ha de estourar o fino coração
Que por incontáveis vezes
Buscou na luz e so encontrou escuridão

Qual este que se diz calmo
Quando das mais ermas uvas faz o vinho
Que há de beber como se fosse sangue
E há de esvair-se como se fosse puro
E dançará ao som leve de uma sinfonia
Que anunciará aos trovões de uma tempestade
A dedicação de uma alma impura
Que por dor há de tornar-se seca
E de seca há de tornar-se fria
E de fria, ja que não lhe resta mais nada
Há de tornar-se tua...

Kléderson Bueno (27/07/2004 14:05)

A dor que consome a alma
E faz rasgar a carne
Deixando escorrer toda a virtude de um ser
Negando a este toda a razão de alegria
De morte, de tristeza e de viver

Faz-se portando arma a arma fria
E o algoz o seu machado afia
Fazendo tremer a mais fina flor
Escorrendo o suor, que se transforma em dor
Feito a triste sina
Do sepulcro cálido em que jazia
Dizendo ser dor o motivo do amor
Tentando ver a tarde
No veneno que sangria
Das petalas daquela vida
Que por mais que tentasse
Era vão todo o esforço
Pois pro fundo do poço
Aquela mão lhe trazia...

Kléderson Bueno (27/07/2004 12:53)

sexta-feira, julho 09, 2004

Essa poesia eu fiz pra minha namorada, pra que todos saibam que eu a amo!!!

Vivian

És tu
Que me encanta com gestos e palavras,
É a mais bela dentre todas as mortais
E eu, mesmo sendo deus, me redimo perante a ti
Por quão grande é minha franqueza
Se me dizes um sim
E por imenso desespero
Quando negas ao menos um não
Por ti arde assim a paixão
Que se consome no ardor do vinho
E se perpetua na doçura do teu olhar
Me leva, e estarei sempre contigo
Estando sempre comigo
E assim, minh’alma é tua
És bela sim
E invejas até a flor
Que descreves o sentimento que sinto
Amor...
Eu modifiquei um pouco essa poesia pra poder declamar no Sarau literario

Realidade

Filhos de um sistema falido
De uma hipocrisia que ronda nossos pensamentos
Vendo um mendigo sentando à calçada
Junto a uma lata vermelha, velha e amassada
Um verme passeia entre as crianças que brincam
E mais uma pessoa morre de fome
Um enorme letreiro dizendo “Jesus Cristo é o Senhor”
Meu? Seu? Senhor de quem?
Não suporto a idéia de alguém ser senhor de alguém
Assumo a posição mais neutra de um lado ou de outro
Encontro-me perdido
Amo-me odiando

Mais uma morte
Dessa vez um tiro acerta uma criança
Quatorze anos, peito estourado, sangue derramado
Sobre a escadaria descansam as lágrimas vermelhas
E lá em baixo o metrô sobre seus trilhos
Que levam e trazem sempre a lugar nenhum

Uma criança abandonada suplica por esmola...
Sob a calçada um jovem acende uma pedra,
Que ninguém sabe de onde vem,
E viaja sozinho pra compensar o desdém
Ascendendo ao seu mundinho feliz
Onde toda essa merda não passa de um pesadelo
Onde a vida já não mais é apenas medo
Gerida por burgueses
Capitalistas estúpidos...
Corruptos!!!
Corruptos!!!
Políticos malditos, se dizem benditos, mas somente ditos
Roubando a comida da boca de uma família que passa fome,
Do bolso do trabalhador, que é despejado de seu barraco
Aglomerando-se à outros, menos humano e mais macaco
Enquanto o alto do morro
Assiste ao mundo dominado pelo caos
E contempla mais um “boyzinho” que sobe o morro por seu “produto”
E lá fora somente as folhas secas caindo das arvores,
Somente o vento de outono...

sábado, julho 03, 2004

Pra que mentir que se ama?
Quando na noite fria...
Quando mais se precisa
A solidão desengana
E esgana na mais tosca face
Quanto mais se esgasse
A dor...

Minha alma anseia por perdão
Minha boca pede o beijos
Do sim e do não
Tentando encontrar no seio
A vontade de viver de novo
E saber que por ser vivo
É que amamos o povo
E que todo o povo faz parte de mim

Quanto mais busco
Mais sinto a vida esvair-se
E quanto mais anseio
Busco no seio nu
A saudade
E a vontade de te encontrar assim
Há tempos que nao te vejo
Nua no meu colo
Enquanto te esgolo
Te parto duas
E enquanto estas nua
Te faço enoitecer...

Klederson Bueno (muito bebado nesse momento!)