segunda-feira, novembro 06, 2006

2:00

Não tão triste quanto você esperava, sento eu sozinho novamente, dessa vez por opção, aguardando o trem que não passa, o trem que me leve daqui. Essas insônias que controlam nossas mentes e mentem mais e mais... ao menos mais do que deveriam e menos do que poderiam. Controlo-me, vem o sono, sinto que esse sono tão ébrio há de curar um pouco esse cansaço, as dores e os laços ( que talvez nunca tenham existido ).

É mais forte que isso, todo o embaraço dessa vida trôpega e irritante, cegos, lúcidos e viajantes, o mundo torna-se ínfimo para suportar a presença, mas leva-se... como sempre, leva-se... ignora-se tudo, presente, passado, futuro... tudo e encenamos essa peça da vida reduzindo-se ao meio bêbado de sempre, onde o torpor mostra-se melhor saída e na falta de drogas utilizamos como alternativas as mãos e os lábios, para satisfazer uma vontade estranha, buscando em outros lábios sensações remotas... mortas.

Mas ainda assim continua-se a vida, finjindo, brincando, infrinjindo, buscando, aflijindo a própria alma, utilizando-se de versos alheios e palavras mal escritas, frases desconexas e sensações ridículas e ainda pensando - como podemos mudar, se sequer sabemos por onde começar ou melhor se não sabemos começar, nem conversar, nem mesmo odiar e muito menos amar? - e cambaleante sento novamente, acho que o cigarro mata-me um pouco mais nesses dias, mas não me importo, levanto, passo firme, olhar no horizonte e um tropeção na escada de saída.

São 2:00am o bar está fechando.

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