sexta-feira, julho 09, 2004

Eu modifiquei um pouco essa poesia pra poder declamar no Sarau literario

Realidade

Filhos de um sistema falido
De uma hipocrisia que ronda nossos pensamentos
Vendo um mendigo sentando à calçada
Junto a uma lata vermelha, velha e amassada
Um verme passeia entre as crianças que brincam
E mais uma pessoa morre de fome
Um enorme letreiro dizendo “Jesus Cristo é o Senhor”
Meu? Seu? Senhor de quem?
Não suporto a idéia de alguém ser senhor de alguém
Assumo a posição mais neutra de um lado ou de outro
Encontro-me perdido
Amo-me odiando

Mais uma morte
Dessa vez um tiro acerta uma criança
Quatorze anos, peito estourado, sangue derramado
Sobre a escadaria descansam as lágrimas vermelhas
E lá em baixo o metrô sobre seus trilhos
Que levam e trazem sempre a lugar nenhum

Uma criança abandonada suplica por esmola...
Sob a calçada um jovem acende uma pedra,
Que ninguém sabe de onde vem,
E viaja sozinho pra compensar o desdém
Ascendendo ao seu mundinho feliz
Onde toda essa merda não passa de um pesadelo
Onde a vida já não mais é apenas medo
Gerida por burgueses
Capitalistas estúpidos...
Corruptos!!!
Corruptos!!!
Políticos malditos, se dizem benditos, mas somente ditos
Roubando a comida da boca de uma família que passa fome,
Do bolso do trabalhador, que é despejado de seu barraco
Aglomerando-se à outros, menos humano e mais macaco
Enquanto o alto do morro
Assiste ao mundo dominado pelo caos
E contempla mais um “boyzinho” que sobe o morro por seu “produto”
E lá fora somente as folhas secas caindo das arvores,
Somente o vento de outono...

Nenhum comentário: